Os usuários de transporte público coletivo de Teresina foram surpreendidos pela falta de ônibus no terceiro dia de greve. Os trabalhadores reclamaram, e muito, que nenhuma linha de ônibus estava circulando na manhã de hoje (06). Não houve consenso nas negociações de ontem e a categoria decidiu continuar a greve. O descumprimento dos 30% da frota de ônibus, prevista por lei, foi motivado pelo não recebimento do sálario de janeiro, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário do Estado do Piauí (Sintetro).
“Nós estamos cumprindo a frota de 30% que é determinada pela Justiça, mas infelizmente hoje, o trabalhador (motoristas e cobradores) foi surpreendido com a falta do pagamento do salário de janeiro. Infelizmente a categoria cumpre suas obrigações e no quinto dia útil o empresário não repassa o salário. Quem é que vai pagar nossas contas? O que vimos hoje, foi que o próprio trabalhador não quis trabalhar”, explicou Reginaldo Tavares, diretor do Sintetro.
O diretor de Transporte Público da Strans, Francisco Nogueira, informou que multará o Setut (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina) por não estarem respeitando o percentual de 30% da frota durante a greve. Segundo Francisco Nogueira, a situação é grave, chegando ao ponto de parar o sistema de integração pública.
Mas a greve permanece pelos mesmos motivos, ontem (05) o Sintetro recusou a proposta de reajuste do salário em 4% feita pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (Setut). Os motoristas querem reajuste de 5% no salário, bonificação na volta das férias e que a jornada de trabalho continue a mesma, o SETUT quer mudar para jornada dupla, o que revoltou a categoria.
“Eles querem botar agora uma dupla ‘pegada’, isso é muito estressante. O trabalhador começa pela madrugada e volta pra casa, depois, pela tarde, vai ter que sair de novo. O motorista não quer viver trancado numa jornada estressante dessas”, reclamou o diretor do Sintetro.
O valor da multa é de R$3.850. O SETUT pode recorrer, mas a Strans está cumprindo as normas.
Na Zona Sul, no bairro Bela Vista, as paradas estavam lotadas. A faxineira Gelcilene Alencar chegou às 7 horas na parada e não havia nenhum ônibus disponível. “É revoltante passar por isso. Cheguei cedo. Vou tentar entrar numa van para conseguir ir ao trabalho”, disse ela, em entrevista concedida às 9 horas da manhã.
Além dela o aposentado Vicente de Paulo, desistiu de ir ao centro realizar um exame.”Vou voltar para casa, do jeito que está, não dá”. Outros empregados desistiram da ida ao trabalho nesta manhã.
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